sábado, 22 de março de 2008

Consumo de água A H2C - Consultoria e Planejamento de Uso Racional da Água, afirma que o brasileiro gasta cinco vezes mais água do que o volume indicado como suficiente pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O recomendado por pessoa são 40 litros diários. A média chega a 200 litros por dia.
Um norte-americano consome 500 litros de água por dia, um europeu, 200 a 300 litros, um africano da região saariana dispõe de 10 a 20 litros de água.
Durante a Eco-92 foi recomendada a criação do Dia Mundial da Água. A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu a data, 22 de março.
O Dia Mundial da Água elege um sub-tema para discutir cada ano. Em 2008, é o saneamento básico que entra em pauta. A falta de esgoto destrói mananciais e ajuda a diminuir as reservas hídricas.
No Brasil 67% dos domicílios estão ligados à rede de esgoto.
Fonte: Organização Mundial da Saúde

O que a abundância nos torna
Hoje, 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água. Ocasião boa para reforçar os cuidados que devemos ter com a mesma.
O discurso de que água é para ser usada com responsabilidade não é novidade para os brasileiros. Depois da difusão das informações sobre o aquecimento global, não se fala em outra coisa: a água precisa ser preservada.
Mas, por que o desperdício continua enorme, principalmente, nos Estados que possuem grandes reservas de águas potáveis?
Simples! Além de muitos discursos de preservação não serem transformados em ações, certamente trata-se também de uma questão óbvia que nos leva a pensar na grande diferença que há entre crescer em meio à escassez do sertão nordestino versus crescer em meio ao mar de água doce que a nossa região oferece.
O sertanejo já nasceu sentindo na pele o quanto a falta de água faz sofrer. E como todo sofrimento gera disciplina, aprendeu desde criança que esse líquido tão precioso precisa ser preservado. Assim, não desperdiça sequer uma gota d'água.
Agora, geralmente, o povo da região acreana, acostumado com H2O em abundância, em vez de aproveitar a água da chuva, se delicia lavando calçadas com água potável. Não se preocupa em economizar na hora de escovar os dentes, passa mais tempo com o chuveiro ligado do que o necessário, etc. Atitudes estas, de um povo que desconhece ou ignora o valor que a água tem pelo simples fato de a abundância gerar a sensação de que a mesma jamais acabará.
Afinal, o que a abundância nos torna mesmo? Infelizmente, nos tona seres imediatistas, totalmente despreocupados com o futuro, ou seja, seres que só vislumbram vantagens imediatas.
E é por isso que devemos, cada vez mais, lutar contra esse tipo de comportamento.
Para tanto, o grande número de pessoas que já possui um sentimento diferente diante da abundância, vem fazendo a diferença no Brasil e no mundo. Nesse caso, o importante é nos tornarmos diferentes, sermos as exceções em detrimento dos imediatistas.
Bons hábitos
Quando lavar a louça, não deixe a água escorrer enquanto ensaboa. Se quiser economizar ainda mais, encha duas vasilhas com água, uma para molhar a louça e outra para tirar o detergente.
Use a máquina de lavar roupas quando ela estiver cheia. Fazendo isso, você pode economizar 3.600 litros de água por mês. Verifique também o nível de água da máquina. Nem sempre ele precisa estar no máximo.
Ao lavar a roupa, aproveite a água do tanque ou da máquina, que já está com sabão, para lavar um piso ou a calçada.
Use uma vassoura em vez de mangueira para limpar a calçada.
Reduza seu tempo de banho em um ou dois minutos e você economizará 540 litros de água por mês.
Feche a torneira enquanto escova os dentes e economize até 1.000 litros de água por mês.
Feche a água enquanto você ensaboa seus cabelos e economize até 500 litros de água por mês.
Use um regador para molhar as plantas em vez de mangueira.
Se possível, substitua válvulas de descarga e bacias de sanitários fabricados antes de 2003.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Entrevista geoglifos

Miriam Bueno é geógrafa formada pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e Doutora em Ensino e História das Ciências da Terra, pela Unicamp - Campina - SP. É professora há mais de 28 anos, trabalha no Laboratório de Geoprocessamento da Ufac, e atualmente é Coordenadora Regional do Projeto de Pesquisa sobre Geoglifos do Acre. Projeto este, que conta com o apoio do Governo do Estado do Acre e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e que tem como Coordenadora Geral, a arqueóloga Denise Shaan da Ufpa (Universidade Federal do Pará).


Jornal Capixaba - Primeiramente gostaríamos que a senhora definisse geoglifos.
Miriam Bueno - Etimologicamente, geo significa terra e glifos significa marcas, ou seja, marcas na terra. Mas, por enquanto, o que se sabe é que são sítios arqueológicos. Quem fez, para que fez, como e quando não se sabe.

Jornal Capixaba - Assim, o objetivo da pesquisa que estão coordenando seria a identificação de respostas a essas interrogações.
Miriam Bueno - Certamente. Os primeiros geoglifos do Acre foram descobertos pelo arqueólogo Ondemar Dias em 1977. Depois disso, novas descobertas foram feitas por Alceu Ranzi (Paleontólogo). Através do projeto que, além de doutores, engloba também vários acadêmicos de geografia e de engenharia florestal da Ufac, inclusive uma acadêmica de geografia de Capixaba, a aluna Alderina Moura, com certeza pretendemos alcançar informações que enriqueçam os nossos conhecimentos sobre geoglifos do Acre. Estamos tendo todo o apoio para isso.

Jornal Capixaba - Quando os estudos começaram e o que já foi feito até agora?
Miriam Bueno - O projeto foi aprovado em janeiro de 2008 e conta com a parceria do Governo do Estado e CNPq. Até hoje já foi feito o que chamamos de prospecção, fizemos o mapeamento das áreas, escavações para sondagens. E com isso, já identificamos cerâmicas, alguns artefatos arqueológicos, ossos, etc.

Jornal Capixaba - Por que a preservação dos geoglifos é importante para o Acre?
Miriam Bueno - Primeiro pelo ponto de vista histórico, pois nós podemos descobrir a verdadeira história dos povos da floresta; segundo pelo ponto de vista dos pesquisadores em arqueologia, envolvendo novos alunos e pessoas já formadas; pela gestão e ordenamento territorial (carro-chefe do Governo para orientar a definição e implementação de suas políticas); pela possibilidade do uso desses sítios para o turismo, pois como Capixaba está na linha do desenvolvimento, de repente o município poderá estar explorando isso. Só o fato da recente descoberta de um geoglifo a 1000 metros da Prefeitura de Capixaba, nas terras do senhor Bimbarra, (em homenagem ao proprietário da terra, o geoglifo foi batizado de Bimbarra), já abre caminho para uma nova atividade turística para a região.

Jornal Capixaba - E como se dá essa preservação? Que consciência a população deve ter em relação a esses sítios arqueológicos?
Miriam Bueno - É importante ressaltar que os geoglifos do Acre estão em fase de estudos científicos e que ainda não podemos criar mecanismos de utilização dos mesmos, pois se não preservarmos antes de fazermos o estudo, corremos o risco de perder informações valiosas para a ciência. Mas, depois dos resultados, podemos analisar as possibilidades de uso, preservando claro, a história. Isso porque estamos resgatando uma história que não existe mais ninguém para contar, pois se trata de informações existentes há mais de 1000 anos. Quanto à população, principalmente, a rural, pedimos sempre que ela seja parceira dos nossos trabalhos, pois há grandes possibilidades da existência de Geoglifos dentro da mata, fato não possível de identificação por meio de sobrevôo. Desse modo, é muito importante que a comunidade dê a sua contribuição para a ciência nos ajudando com a identificação das áreas que possuem geoglifos.

Jornal Capixaba - É difícil o processo de identificação pela comunidade? E como deve proceder, caso encontre essas marcas na terra?
Miriam Bueno - Há geoglifos em forma de círculos, linhas, quadrados, etc. A facilidade maior de identificá-los, é através de sobrevôo, e como se trata de mata fechada, não tem como utilizarmos esse recurso. A descoberta via terrestre não é um método fácil, mas a importância da divulgação de como se apresentam os sinais é determinante para a preservação. Numa área já desmatada, por exemplo, muitas vezes, sem conhecimento, as pessoas se deparam com uma vala e aproveitam para fazer dali uma reserva de água para os bovinos. É lamentável, mas muitos geoglifos já sofreram algum tipo de impacto por falta de conhecimento a respeito. Então, sabendo da importância desses sítios para a ciência, as pessoas ficarão mais conscientes em contribuir com a pesquisa. Agora caso alguém encontre geogli-fos em sua propriedade, procurar tornar pública a descoberta, entrando em contato com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Prefeituras, Secretaria de Meio Ambiente do seu Município, ou com o Departamento de Geografia da Ufac.

Jornal Capixaba - Até hoje, quantos geoglifos foram descobertos no Acre?
Miriam Bueno - Até agora, ao todo, foram descobertos 120 geoglifos. Em Capixaba já identificamos 31. Temos o geoglifo Hortigranjeira, o Gavião, o Ciço cara-de-pau, vários na Fazenda Crixá, Santa Gertudes, e a mais recente descoberta, o geoglifo Bimbarra.

Jornal Capixaba - A Prefeitura de Capixaba tem dado importância às descobertas?
Miriam Bueno - Posso afirmar que a Prefeitura entrou em contato com a gente para discutir o assunto. No momento, estamos aguardando da mesma a definição de uma data para a realização de uma reunião. Tudo indica que eles estão se mobilizando.

Jornal Capixaba - Para finalizar, temos conhecimento de que a Álcool Verde contratou uma equipe multidisciplinar para realizar estudos acerca dos geoglifos nas áreas de ocupação da Usina. Isso com a intenção de reformular o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e em seguida, elaborar o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). A senhora faz parte dessa equipe?
Miriam Bueno - Sim. E é importante destacar o empenho da Álcool Verde nesse sentido. A responsabilidade que o Grupo Farias tem com a preservação dos sítios arqueológicos é muito grande. Por conta disso, o estudo hoje está bem adiantado.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Comunidade rural denuncia lixão municipal de Capixaba
Indícios de sérias agressões ao meio ambiente

O local para o depósito de todo o lixo gerado por Capixaba – Acre, escolhido pela gestão municipal anterior, e situado no ramal Brasil Bolívia, deleita-se de um lugar "abençoado por Deus e bonito por natureza". A área indica uma série de inadequações, pois, além de uma população rural viver nas proximidades do lixão municipal, ele, de fato, reina em contato com o meio ambiente, onde possivelmente está contaminando as águas do Igarapé Grande, que fica abaixo do lixão, aproximadamente, uns 300 metros.
Enquanto algumas autoridades de Capixaba, tais como os vereadores Carlos Alves de Brito e Rômulo Barros, afirmam que o lixão municipal se localiza em terra brasileira, o Diretor de Gestão Técnica do Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre), Fernando Lima, informa que através de um estudo sobre a área realizado em novembro de 2007, foi constatado que o mesmo está em terra boliviana, motivo pelo qual, segundo o diretor, o Imac não pode intervir, mas sim, exigir que a Prefeitura consiga uma outra área para a instalação de um aterro sanitário. "Essa análise realizada faz parte de uma decisão do Ministério Público Estadual (MPE) pedindo o diagnóstico da situação dos lixões dos municípios acreanos, já que é um problema existente em todo o Estado, e fechamos o estudo com o município de Capixaba", comenta Fernando.

A verdade é que o Brasil não pode se apropriar de terras estrangeiras, ainda mais para fazer depósito de lixo. E tendo por base a fronteira com a Bolívia, presume-se que o governo brasileiro precisa ter muito cuidado, independente da localização, o lixão, afeta diretamente a república boliviana.

A promotora de justiça de habitação e urbanismo, Rita de Cássia, substituta interina da promotora Meri Cristina do MPE, disse que a situação do lixão municipal de Capixaba é também uma falha grande do Imac. Ela mostrou um ofício da Prefeitura de Capixaba solicitando uma visita técnica do Imac em abril de 2005, e estranhou o fato de o Instituto realizar a vistoria só agora, em novembro de 2007, e só depois da provocação do MPE.

Em relação ao resultado da vistoria feita pelo Imac, a promotora afirmou que achou o estudo incompleto, já que o empecilho maior em torno do lixão foi o fato de ele se localizar, segundo essa Instituição, na Bolívia. De acordo com ela, o relatório do estudo não aponta a existência de igarapés próximos à área, e nenhum tipo de impacto ambiental e social. Por conta disso, o MPE enviará uma equipe para conhecer a real situação da área onde é depositado todo o lixo gerado por Capixaba.

Conforme ainda Rita de Cássia, o estudo foi feito pela engenheira ambiental e sanitária, Fernanda Rodrigues, e pela agrônoma Keyla Maria de S. Melo. No relatório consta que o lixão deve ser encerrado; que a Prefeitura de Capixaba tem 60 dias para indicar três áreas; e 90 dias para apresentar o plano de encerramento do lixão, fazendo toda a recuperação da área.

Segundo integrantes da comunidade rural, todos os dias, é depositado uma caçamba de lixo urbano pelo período da manhã. De acordo com eles, todo o entulho recebido é queimado pela parte da tarde. Quer dizer, além do mal-cheiro, poluição das nascentes, pois quando chove há grandes possibilidades de o líquido poluente (chorume) escorrer para o Igarapé Grande, tem a fumaça que deixa o clima pesado, causando doenças respiratórias. Sem contar com o perigo de ocorrer um incêndio florestal. Contudo, as pessoas que fazem a limpeza urbana de Capixaba, alegam que a queima do lixo não tem nada a ver com a prefeitura. Pois, segundo as quais, não se sabe quem coloca fogo no lixo.

Além disso, é muito importante dizer que se alguém resolver fazer uma visita a algum morador da área, ou até mesmo ao lixão municipal, muito cuidado com a direção do veículo, pois há presença de resíduos de abate, particularmente ossada de boi, em várias partes do ramal Brasil Bolívia. Supostamente, advindos de abates clandestinos de bovinos.

Revolta dos moradores por medo de contaminação

É comum os moradores afirmarem que várias pessoas estão com algum tipo de problemas de saúde. Sem exceção, todos relacionam esses problemas à presença inconveniente do lixão municipal naquela área. Muitos deles conseguiram fazer poços artesianos, outros, sem solução, ainda consomem aquela água, possivelmente contaminada. E pescar no Igarapé Grande ainda é uma atividade comum para muitas famílias dali. O caso mais comovente é o da senhora, esposa de José Osmar, Antônia dos Santos (33). Segundo os exames mostrados pelo casal, dona Antônia, contraiu a esquistossomose, mais conhecida pelos brasileiros como barriga d'água. É uma doença caracterizada pelo aumento do fígado e do baço. Segundo estudo de especialistas na área, o diagnóstico e o tratamento são relativamente simples, mas a erradicação da doença só é possível com medidas que interrompam o ciclo evolutivo do parasito, como a realização de obras de saneamento básico e a mudança comportamental das pessoas que vivem em áreas endêmicas.

Por conta disso, José Osmar afirmou que o médico de Antônia, doutor Ricardo da Silva Sena - CRM 874 recomendou que o casal reivindicasse da prefeitura a solução do problema do lixão que se encontra em área imprópria.

Mas, infelizmente, três dias depois de dizer ao Jornal Capixaba que vinha lutando há muito tempo pela retirada do lixão daquela área, a mãe de três filhos, Antônia dos Santos, morreu antes mesmo da solução do problema do lixão.
Quando a sua mulher ainda estava viva, José Osmar, inconsolado, por medo de perdê-la, disse que foi obrigado a abandonar o local onde residia. Segundo ele, já que não conseguia uma solução com as autoridades, essa iniciativa de sair do local foi também uma recomendação médica. "O médico disse que era importante a gente sair de perto do lixão. Se eu não saísse da casa era pra eu pedir a vigilância sanitária para construir um poço pra gente. Mas, como ninguém ajudou, foi o jeito eu arrancar a minha casa e levar ela para outro lugar", afirmou o pai de família.
A comunidade que estava presente para mostrar a situação do lixão assegurou que irá novamente procurar as autoridades, mas caso não se disponibilizarem integralmente para a resolução do problema, vai fazer um grande manifesto e fechar o acesso do ramal Brasil Bolívia com o próprio lixo.

"A maior parte dos vereadores é conivente", diz gerente de endemias

Por coincidência, o carro da vigilância sanitária (controle de endemias) estava passando no local. O gerente de endemias (Sesacre-Capixaba), Cláudio Feitosa, surpreso com o acontecimento, disse que é claro e fundamental que a comunidade se mobilize com essa questão, e se colocou a disposição para ajudar no que for preciso. "Sou contra a qualquer ato de degradação ambiental, e acredito que a maior parte dos vereadores de Capixaba é conivente com essa situação. São eleitos para fiscalizar. Por que até hoje não encontraram solução para esse problema?” – questionou.

Rebatendo a crítica, o vereador Carlos Alves de Brito (Carlito), que estava também no local, afirmou que discorda do gerente de endemias. Segundo o vereador, a Câmara tem registros desde a época da gestão do ex-prefeito Lourival Mustafa de Andrade (Serraria) solicitando a presença do Imac no local. O vereador afirma que o Instituto nunca vistoriou a área. "O porquê do Imac não aparecer não se sabe", disse. E acrescentou: "e cadê a vigilância sanitária do Município? Não funciona? A partir de agora a Câmara estará mais determinada a buscar uma solução às pessoas que lá moram", finalizou.

Prefeito de Capixaba fala sobre o caso

O prefeito de Capixaba, Joais dos Santos, afirmou que já vem lutando de longas datas por um aterro sanitário em uma área propícia para Capixaba. Disse que esse lixão é uma herança da administração anterior (Serraria), e que desde o início de seu mandato vem, juntamente com o Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Alto Acre e Capixaba (Condiac) unindo forças para a resolução desse grave problema. De antemão, afirmou que o recurso no valor de 8 milhões de reais destinados aos 5 municípios do Alto Acre (Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba) para esse propósito já foi anunciado pelo Governo Federal, através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Nesse pacote, Capixaba terá um montante de R$ 1,6 milhões para o aterro sanitário municipal.
Entretanto, o prefeito mostrou também a dificuldade dos 5 municípios para a liberação desse montante, uma vez que cada um precisa ter uma contrapartida de R$ 89 mil, e segundo ele, a arrecadação de Capixaba não cobre esse valor. Porém, registrou que já está sendo articulado com o Secretário de Planejamento do Estado, Gilberto Siqueira, a possibilidade de o Governo do Estado ajudar na contrapartida.
Outro problema grave levantado pelo prefeito é sobre a aquisição de uma área de terra para o aterro. "O diálogo da prefeitura entre os proprietários de terras já foi esgotado. Tentamos várias formas para a compra de um local, mas o interesse dos proprietários em não ter um lixão em suas áreas é nulo. Agora, a nossa saída é fazer, com o apoio da Câmara, uma reunião com os nossos advogados, e assim, partir para a desapropriação de uma área", completa.

Viúvo pede ajuda
“Tudo que desejo é poder criar meus filhos”

"Espero que as autoridades reajam. Agüentar a vida toda lá perto do lixão é um abuso", protesta José Osmar, um dos denunciantes do lixão municipal de Capixaba.

O viúvo de Antônia dos Santos (33 anos - vítima de uma doença comumente chamada pelos brasileiros de barriga d'água), José Osmar (41), nasceu em Capixaba e se criou às margens do Igarapé Grande. Igarapé este, possivelmente contaminado pelo lixão municipal de Capixaba. Viveu casado com Antônia mais de 10 anos. Assumiu duas filhas da mesma, e com ela teve mais dois garotos: Luan Max de 7 anos, e o caçula Luandeson dos Santos, de 2 anos. José Osmar falou que as duas filhas mais velhas tomaram rumos diferentes mesmo antes de a mãe partir. Uma se casou com 13 anos, e outra mora com a tia em Rio Branco.

O pai de família contou ainda que vinha lutando contra a doença de sua esposa há mais de 3 anos. Fez de tudo para não perdê-la. Dividia-se entre trabalhar pesado para o sustento da família, arrumar tempo para acompanhar a rotina de Antônia nos hospitais públicos e reivindicar a saída do lixão municipal de perto de sua área. "Eu deixava de pagar nossas contas para comprar remédios porque eu queria muito que ela ficasse boa. Eu tentei de tudo, e minha última tentativa foi chamar o jornal, pois eu já não tinha mais nada em casa. Só que ela se foi", emocionou-se o viúvo.

Em relação aos dois filhos, ele disse ainda muito emocionado, que não tem coragem de entregá-los a ninguém. E lamenta: "quando ela estava comigo eu tinha como sair para trabalhar. E agora? No momento não tenho como trabalhar, mas não vou deixar meus filhos por nada. Dá eu não vou dar. Eu sei que é duro. Mas, ninguém vai tirar eles de mim. Vou começar a vida de novo. Para dizer que não tenho nada, tenho meus filhos. Se Deus quiser eu vou vencer esses problemas".

Agora, em sua área rural, ele sente um grande vazio, e o destino o incumbiu o papel de ser pai e mãe, e de continuar, mais do que nunca, lutando contra a inconveniente presença do lixão naquele lugar. Para isso, o viúvo espera contar com o apoio de toda a comunidade, e disse bravamente: "espero que as autoridades reajam. Agüentar a vida toda lá perto do lixão é um abuso. Meus filhos ainda bem que estão com saúde. Mas, não quero isso para eles. Qual é o pai que quer isso? Não agüentamos o moscaral, urubus, mal-cheiro. É um monte de osso no meio do ramal. Ninguém agüenta mais", desabafou.

José Osmar demonstra estar muito sentido, não acusou o lixão de ter sido a causa da partida de sua esposa, mas relatou: "eu sei que o lixão prejudicou a saúde dela. Ela não podia nem sentir a fumaça do fogão à lenha. Imagina então a fumaça daquele trem lá", finalizou.

A responsabilidade é de todos

É do conhecimento do povo acreano que o problema de lixões envolve todos os municípios do Acre. Cada um vive esse dilema de lutar por um aterro sanitário, conforme as recomendações dos órgãos ambientais.
É importante relembrar que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade de todos nós, pois só assim mostraremos respeito à vida no planeta. É salutar assim, que a comunidade esteja envolvida nessas questões, e que, principalmente, os proprietários de terras se sensibilizem com esse grande problema da falta de um aterro sanitário em áreas adequadas. Pois, no final, não restará outra saída mesmo, a não ser a desapropriação. Dessa forma, donos de terras, pensem na vida humana. Caso não haja interesse em relação a isso, é lamentável, mas, cedo ou tarde, a consciência de cada um, renderá sérias lamentações de ter vivido a despreocupação com os nossos bens maiores que são a natureza (com toda a sua biodiversidade) e a vida humana.
Lixão Municipal

Enquanto o lixão municipal de Capixaba, que fica a quase 300 metros do Igarapé Grande, não for encerrado, é sempre relevante despertar na comunidade, sobretudo nas autoridades, o anseio de nos sentirmos parte desse problema.

Certamente, é uma atitude desumana viver sabendo que a poucos quilômetros da zona urbana de Capixaba existe um depósito de lixo, causando há mais de 9 anos, um enorme estrago ambiental, e simplesmente não se tomar nenhuma posição para que se mude essa situação.

Mas, felizmente, em visita ao Ministério Público Estadual (MPE), numa conversa com a Promotora de Justiça Especializada de Defesa do Meio Ambiente, Drª Meri Cristina, pude perceber o interesse dos órgãos competentes em exigir da Prefeitura Municipal de Capixaba o encerramento do lixão localizado, segundo relatório do Imac, em território boliviano. O que é bem pior, pois, de acordo com a Promotora, o fato de o lixão estar inserido na Bolívia pode ter uma conseqüência maior se levado a efeito pelas autoridades bolivianas.

A atenciosa Drª. Meri Cristina esteve em Capixaba para fazer inspeção sobre o assunto no início deste mês, e diante dos relatos apurados, afirmou que, nesse primeiro momento, entrará em contato imediatamente com a Prefeitura de Capixaba, pedindo para que a mesma se posicione a respeito. Caso a Prefeitura não se manifeste, o MPE tomará as devidas providências, podendo o executivo ser penalizado por crime ambiental.

Contudo, para o nosso bel-prazer, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), enviou recentemente à Prefeitura, um documento estipulando um prazo de 90 dias para que a mesma indique três áreas para serem analisadas pelo Instituto e apresente um plano de encerramento do inconveniente lixão.

Segundo informações do Prefeito Joais dos Santos, o Secretário de Administração, Geran Clay, já encaminhou ao Imac, a indicação das áreas. Porém, o Prefeito preferiu não mencionar os nomes dos proprietários das terras que foram indicadas. Decerto, por conta da necessidade de desapropriação.

Enfim, para concluir, precisamos alertar à Prefeitura acerca de outro grave problema correlato: os cuidados que a mesma deve tomar, de imediato, com as pessoas que fazem a coleta do lixo urbano, visto que rotineiramente nos deparamos com esses trabalhadores coletando toneladas de lixos sem uniformes e sem nem um equipamento de proteção individual (EPI).

Dada à advertência, esperamos a atenção do Prefeito Municipal também nesse sentido.

domingo, 2 de março de 2008

Comunidade Fortaleza (Doutrina do Santo Daime)
Encontro para o novo horizonte: "caminho de renovações, transformações e revelações"
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O Centro Eclético Flor do Lótus Iluminado (Cefli) - Comunidade Fortaleza, (fundado em 1997), realizou o 7º encontro mundial da Doutrina do Santo Daime em Capixaba com o tradicional tema "Encontro para o Novo Horizonte". Foram 10 dias de programação, entre 31 de dezembro de 2007 a 09 de janeiro de 2008, e o objetivo, segundo o organizador do evento, Solon Brito, foi o de manifestar o caráter religioso, cultural, ecológico e turístico da Fortaleza.
Além de atraídos pela Doutrina, a Fortaleza instiga com sua estrutura ímpar nessa região, com mais de 20 alojamentos em meio aos encantos da floresta, parque ambiental, loja de artesanato, casa do seringueiro, da copaíba, trilha ecológica, banhos naturais, etc., a participação de pessoas de várias partes do Brasil, principalmente de Brasília e São Paulo; do Chile, Inglaterra, Bélgica, Portugal, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, etc. Todos com o objetivo basilar de se encontrarem espiritualmente, culturalmente e ecologicamente.
Dentre a programação, além dos hinos de louvor à natureza e dos mais diversos hinários, destacamos o aniversário do Mestre-Conselheiro Luiz Mendes (68), fundador e líder da comunidade, os trabalhos na mata, teatro (grupo da própria comunidade - Rato Coró), forró (ao som do Senadinho de Capixaba) e atividades de vivências comunitárias.

Objetivo Religioso: tentar compreender que existe um ser superior e que esse ser é a permanência das pessoas sobre alguns princípios cristãos. Nas palavras do Mestre Luiz Mendes, um "Encontro para o Novo Horizonte" é a abertura de um novo caminho a seguir, de renovações, transformações e revelações. "É importante alimentar o sentimento de confraternização entre os visitantes e o sentimento de importantes mudanças. Dispensamos então o nosso tratamento individualizado até porque somos todos irmãos. Tem muito amor, mas também muita disciplina", disse o Mestre.

Objetivo Ecológico: valorização do meio ambiente através de palestras educativas, despertando a cidadania e a conscientização sobre a biodiversidade. "A nossa comunidade está sempre fazendo a sua parte para amenizar o grande problema que assola o mundo hoje, que é o aquecimento global", afirmou Solon.
Um ponto interessante abordado por Saturnino Brito, dirigente do Cefli, é o fato de a comunidade está vivendo um processo de repartição da agricultura com os animais apreensivos por causa dos constantes desmatamentos em fazendas vizinhas. "O Cefli que possui 600 hectares de florestas, virou um lugar de refúgio para os bichos da região. É um zoológico aberto. Aqui não matamos nem formigas. Aqui temos o nosso próprio patrimônio silvestre. Já tentamos fazer o registro formal ao Ibama. Chegamos lá com o trabalho todo pronto, levantamento da área, mas o Ibama não abraçou o projeto. Segundo o órgão, precisa-se de dois engenheiros florestais e enfrentar uma enorme burocracia. Enfim, não vimos muita vontade, por isso vamos tocando nosso projeto de patrimônio silvestre por conta própria", frisou o dirigente.
Além de o Cefli ser o refúgio para os animais silvestres, é também o abrigo para as pessoas que necessitam fugir de sua agitada vida cotidiana, isso como forma de recarregar suas forças para enfrentar mais uma jornada de trabalho pela frente.

Objetivo Cultural: o Cefli zela muito pelas tradições. O Centro procura sempre mantê-las vivas, principalmente as tradições amazônicas. "Durante as atividades realizamos teatros interpretando os contos da Amazônia como: o Curupira, o Mapinguari, Matinta Pereira, etc. A gente sempre abre espaço cultural também para grupos de teatros que desejam nos visitar", observou Solon.
Vale destacar que as peças teatrais realizadas dentro da floresta pelo grupo teatral Rato Coró e iluminadas por tochas impressionaram o público. A platéia se sentiu total-mente envolvida com a simplicidade, o ambiente, as pessoas, etc.

Objetivo Turístico: Exatamente através desses três objetivos expostos anteriormente que o Cefli consegue atrair pessoas de diversos lugares do mundo. Solon disse que por meio dos trabalhos da comunidade Fortaleza, a cada ano, aumenta o número de participantes. "Contamos nesse 7º encontro com, aproximadamente, 300 pessoas, incluindo também pessoas das comunidades do Santo Daime da região acreana. A tendência é aumentar cada vez mais, até porque a estrada que liga ao pacífico atrairá muita gente. Até 2010 estimamos um público de 1000 visitantes", disse.
Os trabalhos da comunidade Fortaleza são divulgados por meio de correio eletrônico (www.luizmendes.org) e pelas visitas do Mestre Luiz Mendes ao Brasil e exterior. Entretanto, Solon afirma que as pessoas que participam do encontro são as que mais difundem os trabalhos do Cefli pelo mundo a fora através de seus depoimentos. "O pessoal quer ter esse contato direto com a natureza. As pessoas não vêm atrás de conforto. Querem a simplicidade, a harmonia, explorar o desconhecido, caminhar por trilhas ecológicas, sentir a terra com os pés descalços, cantar hinos de louvor à natureza e agradecer a Deus pelas maravilhas através da Doutrina do Santo Daime, e tudo isso elas podem encontrar e fazer na Fortaleza. Sendo assim, sentem o desejo de convidar mais pessoas a conhecerem esse mundo", ressaltou.
O Cefli - Comunidade Fortaleza se localiza no município de Capixaba a 100 km de Rio Branco, às margens do Rio Xipamano na fronteira com a Bolívia.
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Depoimento da mineira Thais Souza

"A Fortaleza, para mim, constitui um conjunto formado por parte da floresta amazônica, nossa rainha, e a comunidade nela residente. É um local cuja natureza é extrema-mente relevante para o planeta, com espécies de árvores raras, como a copaíba, e de grande diversidade biológica.
Para nós da Doutrina do Santo Daime, a importância desse local é mais profundamente sentida e, por isso, sua preservação é notoriamente necessária. A comunidade da Fortaleza tem nitidamente essa proposta. Destaca-se nesse cenário a pessoa do Mestre-Conselheiro Senhor Luiz Mendes, que para mim e para a maioria daqueles o conhecem, ele é o nosso padrinho espiritual, a quem honramos e com quem muitíssimo aprendemos. As palavras são poucas para descrever a importância de sua pessoa, de sua esposa, a madrinha Rizelda, e também dos outros membros de sua família.
Estou muito feliz em participar do 7º Encontro para o Novo Horizonte, o terceiro do qual participo. É uma oportunidade valiosíssima de estar na presença dessas pessoas, assim como de conhecer e conviver com diversas outras pessoas do país e do mundo. Só tenho a agradecer tudo o que a Fortaleza tem me proporcionado nessa minha existência".