terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ribeirinhos feitos de esperança

Justiça Comunitária promove ação de incentivo
à leitura e à preservação da natureza
Estudar em meio à floresta requer muito sacrifício. Enquanto os alunos da cidade começam os preparativos para irem à escola às 6 da manhã, os estudantes ribeirinhos da comunidade Remanso, localizada às margens do Rio Acre, a 55 quilômetros da zona urbana do município de Capixaba, já estão navegando sob o Rio Acre por meio de barcos, muitos enfrentando duas horas de viagem, o frio da madrugada, chuva ou sol para terem acesso às aulas.

As diferenças não param por aí. O ensino na zona rural é pelo método multisseriado, ou seja, onde estudam, na mesma sala, alunos de diversas séries. Há também grande dificuldade em conseguir materiais didáticos, sobretudo literários, que é a ferramenta fundamental de incentivo à leitura.

Como se não bastassem essas diferenças, o estudo para muitos pode ser interrompido no ensino fundamental, como já vem acontecendo há décadas, devido à falta de oportunidade para seguirem a trajetória estudantil na cidade. No entanto, mesmo que a vida estudantil naquela região se configure um nado contra as correntezas do rio, disposição para querer aprender e alcançar um lugar ao sol não falta para dezenas daqueles ribeirinhos.

"Temos muitos problemas aqui, mas a gente gosta muito de estudar e não faltamos à escola por nada. Acordamos bem cedo para esperar o barco passar. Hoje foi o dia que mais gostei, nunca vou esquecer", disse a estudante Thainá Lima (12).

Foi pela determinação e pelo olhar de esperança das crianças ribeirinhas que o Programa Justiça Comunitária, vinculado ao Poder Judiciário do Estado do Acre, realizou no dia 27 de agosto, das 8 às 17 horas, na comunidade Remanso, o Projeto Rios do Saber. A iniciativa teve como objetivo a promoção de ações voltadas à educação, justiça, saúde, meio ambiente, esporte e cultura. Visando com isso, a prevenção das vulnerabilidades sociais e ambientais das comunidades que vivem às margens dos rios, com foco especial nos estudantes.

Mais de 200 pessoas participaram das atividades. Além da entrega dos materiais arrecadados, tais como livros literários e didáticos, materiais escolares, bolas de futebol e vôlei, o Projeto destacou-se na promoção de torneios esportivos, apresentações de atividades culturais, mostras de trabalhos estudantis, corte de cabelos, atendimento médico, campanha de vacinação, prevenção de endemias, saúde bucal, bate-papo sobre o meio ambiente, orientação jurídica, palestras sobre Corrupção Eleitoral ministrada pela Juíza de Direito, Mirla Cutrim; Violência Doméstica; e drogas.

"Foi gratificante conhecer mais um pouco a difícil realidade das famílias da zona rural. Acredito que a partir dessa experiência, o Programa Justiça Comunitária terá condições de viabilizar novos atendimentos, específicos às comunidades rurais com suas necessidades particulares, não só para as crianças, mas para os pais e trabalhadores rurais, que não têm conhecimento dos seus direitos civis e sociais, bem como de seus deveres como pais e cidadãos", observou Mirla Cutrim.

Pensando no equilíbrio do Planeta Terra, o dia foi encerrado com a distribuição e plantio de mudas, e com o recital de poesias produzidas no Cantinho Rios do Saber, de incentivo à leitura e à preservação da natureza.

O Projeto contou com a parceria da Prefeitura e Câmara de Capixaba, secretarias municipais em Educação, Saúde e Desenvolvimento Social, Departamento Municipal de Cultura, Secretaria Estadual de Esportes, Sesacre, Sinteac, Boi Ouro Agropecuária, Web Informática, Jornal Capixaba, Gazin, Thel Cabeleireiro, Salão Destak, Livrarias Betel e Paim, Viveiro Santa Fé, Escola Mundo Encantado, Projeto Resgatando Vidas, Sindicato do Trabalhador Rural, Bazar Vidal, Panificadora Rodrigues, Panificadora Stillu’s, Papelaria Grafitt, Papelaria Universitário, Hotel e Restaurante Pacífico, Restaurante Sabor da Casa, Restaurante São José, Tacacá da Joélia, Lanche Altas Horas, Auto Escola Piloto, Hoje Cosmetics, Plenus Informática, Mercearia Pacheco, Morena Flor, Auto Posto Vitória, Farmácia Mercúrio, DEAS, professores e apoio da comunidade.




Fotos: Nattércia Damasceno

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Você sabe o que é podar?


Árvores "podadas".

Queimadas
Segundo os dicionários, podar é a "ação de aparar ramos de plantas, galhos de árvores, a fim de favorecer o crescimento saudável dos novos". Mas, para a prefeitura de Capixaba podar é muito diferente. É cortar no sentido literal da palavra. Segundo a professora Rosaura Bandeira, as árvores estavam invadindo a rua, mas ela não esperava que fossem "podar" dessa maneira.  "Essas árvores históricas foram plantadas pelo senhor Hélio Tessinari. Naquela época,  ele regava as arvorezinhas com baldes de água carregados num carrinho de mão. Meu marido Cícero também tinha essa preocupação. Acho isso que fizeram um absurdo", lamentou a professora.

Árvores de Capixaba
Não bastando, no período da noite, tocaram fogo no entulho. De acordo com Raimundo Maia, prestador de serviços de limpeza pública, as árvores foram cortadas pelo setor de limpeza, mas ele não tem conhecimento de quem colocou fogo. "Recebemos um ofício para executarmos o serviço, pois as árvores estavam dificultando a passagem de carros na rua João Tessinari. O caminhão que ia recolher os galhos quebrou. Estávamos aguardando para fazermos esse serviço de recolhimento, mas não temos ideia de quem colocou fogo", disse.