quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


Carnaval: uma inversão cotidiana

Diferentemente das festas de ordem, como a comemoração do Dia da Independência, o carnaval é caracterizado pelo antropólogo brasileiro, Roberto Da Matta, como a inversão do mundo.

Enquanto as festas de ordem remetem seriedade, sacrifício e disciplina, o carnaval remete à brincadeira, período para encontros e reencontros, em que fazemos novos amigos, e que esquecemos de todas as nossas atividades cotidianas: contas a pagar, trabalho, crise familiar, etc. É como se as preocupações ficassem temporariamente faltantes.

Sem dúvidas, o carnaval é uma festa que faz bem a saúde, é onde os sentimentos se afloram, onde as energias se liberam em nome da alegria, e onde envolve todas as camadas sociais.

Contudo, dependendo de cada um, podemos dizer que ele é uma reviravolta positiva e ao mesmo tempo negativa, uma vez que para muitos brasileiros, depois desses dias festivos, vem o remorso das conseqüências dessa inversão cotidiana. Isso porque a sensação de liberdade imposta pelo momento faz com que as pessoas vivam sem pensar no amanhã. Dessa forma, muitos vão lamentar a gravidez impensada, a doença adquirida, o acidente com o carro, etc. Outros, nem ao menos terão a chance de lamentar.

É sabendo disso que devemos adotar atitudes mais responsáveis, e brincar o carnaval partindo do pressuposto de que a vida precisa continuar de forma saudável depois das festanças. E assim, evitar que o nosso mundo vire realmente de cabeça para baixo após esse período.

Se é possível se divertir com responsabilidade? Isso quem vai responder é a sua consciência. Depois de tantos resultados catastróficos anunciados pela mídia ao fim de cada carnaval, percebo que não adianta sermos tão imperiosos, muito menos clamar por conscientização, ou seja, não quero aqui estabelecer os clichês: “se beber, não dirija”; “sexo, só com camisinha”, etc. Cada um com sua consciência! Se for para usarmos clichês, prefiro então o dito popular: “sua cabeça, seu guia!”.

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