quinta-feira, 25 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Produtores rurais - “sem lenço e sem documento”
No Brasil, desde os tempos mais remotos, reforma agrária é sinônimo de má distribuição de terras. Enquanto a maior parte da terra está nas mãos dos latifundiários, os pequenos produtores vão vivendo a mínguas, “sem lenço e sem documento”.
É bem verdade que a expressão “desenvolvimento sustentável” impera nos discursos governamentais. O discurso é elogiável. A prática, invisível.
Por um lado, o Governo proíbe o pequeno produtor de desmatar, tocar fogo em seu roçado, prometendo um sonho ainda longe de virar realidade no Acre, que é a garantia de uma agricultura sustentável de fato e de direito para todos. Por outro lado, a desesperança invade o agricultor, pois, como essa proposta do governo não chega ao campo em seu “desenho perfeito”, ele se cansa de esperar, optando por cultivar suas lavouras de modo tradicional, “recebendo”, por essa atitude, multas elevadas, expedidas por órgãos ambientais, que se preocupam mais em saber os passos dos pequenos do que saber os passos daqueles que mais devoram a nossa floresta, sem dó nem piedade, na corrida pelo lucro financeiro.
Já que as promessas não são cumpridas, a saída que resta é pressionar. Ao longo da história, fazer pressão ao Governo sempre gerou resultados satisfatórios para diversos segmentos, seja qual for: trabalhistas, estudantis, rurícolas. A pressão pelos direitos é legítima. É a vontade do povo em fazer com que o Estado devolva em serviços ao cidadão, o capital arrecadado por meio dos impostos.
A finalidade de a arrecadação ser transformada em serviços à comunidade, teoricamente, é muito positiva. Mas, nesse meio, entra também aquela velha história da corrupção política no Brasil, que mesmo existindo mecanismos de controles, tais como as auditorias realizadas por tribunais de contas estaduais e federais, a corrupção é alarmante. O cidadão brasileiro já se deparou com o tal do “mensalão”, “mensalinho”, dinheiro na mala, na cueca, contratos de publicidade superfaturados, estatais como a Petrobrás envolvida em propinas, e por aí vai, vai, vai! Obviamente, tudo isso leva o Brasil ao caos.
Contudo, mesmo que a batalha contra os assombros do Sistema seja árdua, a vitória não é utópica para quem tem força e voz ativa para lutar por melhorias.
Hora da pressão:
Produtores do Alto Acre unem forças e cobram do Governo o cumprimento das promessas
Na madrugada de hoje, mais de 500 famílias de camponeses do Alto Acre (Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil) estavam preparadas para fechar a BR 317, km 78, local próximo à zona urbana do Município de Capixaba, com o lema “Movimento dos Povos Oprimidos do Alto Acre”.
Dias antes, o superintendente da Policia Rodoviária Federal do Acre foi comunicado do fechamento da BR 317. Com essa informação em mãos, as polícias estaduais e federais impediram que caminhões lotados de produtores partissem para o local do bloqueio. Agora o Governo tenta negociar com os produtores.
Exigir que o Governo do Acre cumpra a promessa de promover qualidade de vida no campo era o principal objetivo do movimento. Detalhe: nenhuma novidade para o Governo Binho Marques, uma vez que enfatizou em campanha eleitoral que a prioridade de sua gestão seria o homem do campo, já que o Governo anterior, (Jorge Viana), concentrou suas ações, sobretudo na cidade.
Dentre as reivindicações, os produtores destacam a melhoria de acesso às estradas vicinais da região, anistia às pesadas multas emitidas pelo IBAMA e IMAC, condições para a prática da agricultura familiar sem o uso do fogo, crédito habitação, regularização fundiária das áreas de posse, fortalecimento do agroextrativismo, entre outras.
“A Polícia impediu o movimento e o Governo vai tentar negociar com a gente. Se eles não negociarem conforme queremos, nós vamos fechar a BR. O movimento ainda não parou”, advertiu o Técnico de Organização Produtiva da Cooperativa Agroextrativista dos Produtores de Epitaciolândia e Brasiléia (CAPEB), José da Silva Pereira.
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